Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa nasceu em Albi, França, em 24 de novembro de 1864.
De família aristocrática, recebeu educação artística e praticou esportes até os 14 anos, quando sofreu um acidente e quebrou o fêmur esquerdo. Menos de um ano depois, quebrou o direito. Nunca pôde se restabelecer e suas pernas atrofiadas e disformes dificultavam-lhe a locomoção. Dedicou então cada vez mais tempo à pintura.
Em 1872, em Paris, ingressou no Liceu Fontanes (posterior Liceu Condorcet) e, em 1881, depois de bacharelar-se, enfrentou a oposição familiar e decidiu tornar-se pintor. Um de seus primeiros mestres profissionais, Léon-Joseph-Florentin Bonnat — veemente defensor das normas acadêmicas e contrário aos impressionistas –, abominava os desenhos do aluno.
Em 1883, Toulouse-Lautrec passou ao estúdio de Fernand Cormon, onde conheceu Van Gogh e Émile Bernard. Apesar do apoio do novo mestre, sentia a estética acadêmica como algo cada vez mais restritivo e insuportável. Montou um estúdio particular em meados da década de 1880 e passou a freqüentar os teatros e cabarés do bairro parisiense de Montmartre, que tornaria célebres em sua obra.
Ao contrário dos impressionistas, demonstrou pouco interesse pelas paisagens e dedicou-se aos interiores. São famosos “Moulin Rouge”, “Au salon de la rue des Moulins” e inúmeros retratos, gênero a que conferiu incomum aprofundamento psicológico com grande economia de meios.
O estilo pessoal de Toulouse-Lautrec, de linhas livres e onduladas, transgride freqüentemente as proporções anatômicas e as leis da perspectiva em favor da expressividade. As cores intensas, em combinações rítmicas, sugerem movimento.
As figuras são situadas na tela de forma a que as pernas não fiquem visíveis. Interpretada como reação à condição física do próprio artista, essa característica elimina a obviedade do movimento, que passa a ser apenas sugerido.
A simplificação do contorno e o uso de grandes áreas em uma só cor caracterizam os cartazes, que estão entre suas obras mais significativas.
A partir de 1892, Toulouse-Lautrec dedicou-se à litografia. Entre as mais de 300 que produziu, destaca-se a série Elles, sensível panorama da vida nos bordéis.
O surgimento da série coincidiu com a deterioração de seu estado físico e mental. Entregou-se ao alcoolismo e seus modos irônicos não disfarçavam o sofrimento decorrente de sua deformidade. Em 1899, após grave colapso nervoso, passou alguns meses num sanatório mas, no ano seguinte, voltou a beber.
Henri de Toulouse-Lautrec morreu no castelo de Malromé, Gironde, França, em 9 de setembro de 1901. Apesar da excepcional popularidade de seus cartazes publicitários, como os que fez para Aristide Bruant, Jane Avril, May Belfort e outros artistas, além das numerosas litografias, só posteriormente reconheceu-se a importância de sua obra, que prefigurou revolucionários movimentos artísticos do Século 20, como o fauvismo, o cubismo e o expressionismo.
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MORREU AOS 37 ANOS MAS VIVEU
INTENSAMENTE CADA DIA
A boemia do bairro parisiense proletário de Montmartre, com seus moradores à margem da sociedade, as cenas de circo e de cabaré, o homem retratado em seu estado miserável, sem máscaras – esses são alguns dos temas mais freqüentes no trabalho do pintor Henry de Toulouse-Lautrec.
De estilo próprio e forte, suas obras não podem ser encaixadas em nenhuma escola. Sua vida, talvez tenha a mesma atmosfera de seus quadros: ficou paralítico e deformado ainda adolescente, desprezou o ambiente aristocrático familiar em nome da liberdade e da vida noturna parisiense, seus problemas com o alcoolismo o levaram à morte aos 37 anos.
Nascido a 24 de novembro de 1864 e tendo sempre mostrado talento para o desenho e a pintura, ingressa, em 1882 no estúdio do professor Bonnat, então famoso em Paris. Rejeita, porém, o estilo acadêmico que seus mestres (Bonnat e posteriormente Cormon) tentam ensiná-lo.
Traça seu próprio caminho, apesar da admiração pelos impressionistas (Degas, em particular) e pelo pintor Van Gogh, particularmente no que se refere às cores puras e à composição febril do quadro. Seus trabalhos, retratos fiéis de sua grande vivência e conhecimento da condição humana, exprimem individualidade e atestam um apurado sentido de observação.
No bairro de Montmartre, após sair da aristocrática casa paterna, busca a inspiração para compor suas melhores obras. Um bom exemplo disso é o quadro “Circo Fernando: A Amazona“. A extrema expressividade da composição, sua vivacidade, o movimento, seus fortes contornos e sua linguagem sintética, anunciam já as características mais fortes da pintura do artista. O semblante carregado da amazona, seu ar grotesco, (sem contudo deixar de ser romântico), o palhaço decepado pela moldura e o sadismo do domador, revelam as facetas de um mundo que Lautrec torna-se mestre observar e retratar.
Inspirando-se nas estampas japonesas, revoluciona a arte dos cartazes publicitários. Com um mínimo de cores e traços, atinge grande expressividade.
A representação de La Goule (bailarina famosa) dançando sensualmente o can-can e seu magro partner Valentin le Desossé, de perfil, atestam bem esse talento na composição de posters.
Henri de Toulouse-Lautrec ( 1864 – 1901 )
Dance at the Moulin Rouge
Oil on canvas ( 1889 – 1890 )
Philadelphia Museum of Art, Philadelphia
O Moulin Rouge, em que a figura de La Goule e dele próprio também estão presentes, é mais uma de suas melhores obras. Com seu traço incisivo, profundo senso de observação e o uso característico da luz e da cor, capta a atmosfera do local. As personagens, freqüentadores e mulheres do local, têm aparência pesada e um tanto quanto sinistras, vistas sob a luz ambiente.
No Salão de Rue de Moulins é um de seus retratos mais famosos de um tema que não costumava ser tratado pelos artistas contemporâneos: a prostituição. A espera das mulheres por seus clientes, o sofá mole em que se apóiam e suas poses lânguidas resultam numa cena tratada sem falsos moralismos.
Seus últimos quadros, antes de seu derrame que o paralisa definitivamente em 1901, (após ser internado por problemas alcoólicos), retomam os temas já retratados durante a carreira, aprofundando-se ainda mais. É o caso de A palhaça do Cha-u-Kao, em que o drama humano do artista é intensificado, com harmonia de cores e equilíbrio.
Fonte: Enciclopédia Digital Master.
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